"Arriscar-se é perder o equilíbrio por uns tempos, mas não se arriscar é perder-se a si mesmo para sempre." - Søren Aabye Kierkegaard
segunda-feira, 31 de julho de 2006
quinta-feira, 27 de julho de 2006
sábado, 22 de julho de 2006
Voar
Volare
Luciano Pavarotti
Composição: Domenico Mondugno
Penso che un sogno così non ritorni mai più
Mi dipingevo le mani e la faccia di blu
Poi d'improvviso venivo dal vento rapito
E incominciavo a volare nel cielo infinito
Volare, oh, oh!
Cantare, oh, oh, oh, oh!
Nel blu, dipinto di blu
Felice di stare lassù
E volavo, volavo felice più in alto del sole ed ancora più su
Mentre il mondo piano piano spariva lontano laggiù
Una musica dolce suonava soltanto per me
Volare, oh, oh!
Cantare, oh, oh, oh, oh!
Nel blu, dipinto di blu
Felice di stare lassù
Nel biu, dipinto di blu
Felice di stare lassù
Agora que consigo entender acho que gosto ainda mais dela. Aí vai a tradução:
Voar
Composição: Domenico Mondugno
Penso que um sonho assim não retornará nunca mais
Eu pintava minhas mãos e o rosto de azul
Depois por improviso era seqüestrado pelo vento
E começava a voar no céu infinito
Voar, oh, oh!
Cantar, oh, oh, oh, oh!
No azul, pintado de azul
Feliz de estar lá em cima
E voava, voava mais feliz no alto do sol e ainda mais acima
Enquanto o mundo plano, plano desaparecia distante lá embaixo
Uma música doce tocava apenas para mim
Voar, oh, oh!
Cantar, oh, oh, oh, oh!
No azul, pintado de azul
Feliz de estar lá em cima
Até a próxima!
quinta-feira, 20 de julho de 2006
Almas
Vagamos confusos em meio
a tênues feixes
de luzes serenas.
Com passos apressados,
desviamos da vigília permanente
de olhares perseguidores.
Bailamos entre sombras
e clarões difusos
para adormercemos envoltos
pelos lençóis de fumaça da perdição.
Rimos da busca de uma felicidade fugidia
ou mentira oculta.
E quando não recebemos respostas
às perguntas que endereçamos ao céu,
sabemos que é porque somos almas,
espíritos invisíveis
à mesquinharia humana.
quinta-feira, 13 de julho de 2006
Travelling riverside blues
Saudações aos deuses do metal!
quarta-feira, 5 de julho de 2006
Roadhouse blues
Há 41 anos, formava-se, em Los Angeles, Estados Unidos, uma das mais polêmicas e talentosas bandas de rock'n'roll da história, o The Doors. E, há exatos 35 anos, faleceu seu vocalista e líder Jim Morrison.
A morte, ocorrida em um hotel parisiense, sempre foi cercada de suspense. Alguns fãs mais exaltados acham que Morrison, como Elvis Presley, não morreu, que é tudo boato. Os companheiros de banda não acreditam, em declarações dadas na mídia, que o corpo do músico esteja em Paris. Enfim, tudo muito nebuloso.
Mas o que impressiona de fato, é a magia, o encanto que a imagem do rebelde Morrison (morto aos 27 anos) ainda causa em milhares de pessoas. O mito permanece vivo.
Récem formados em cinema, Ray Manzarek (tecladista) e Morrison se conheceram e resolveram formar uma banda. Adotam o nome de The Doors através de uma obra do poeta William Blake. Em pouco tempo John Densmore (baterista) e Robby Krieger (guitarrista) se juntam ao Doors.
Em 1967, sai a primeira e talvez a melhor obra da banda, o álbum homônimo, que contém as épicas canções 'Break on Through' e 'Light My Fire'.
A partir daí, o sucesso do grupo foi aumentando abruptamente e com ele a loucura da banda. Morrison, irritado com o assédio ou sem encontrar um meio mais confortável para lidar com o sucesso, começa a se apresentar de modo enérgico, estranho, no palco. Considerado símbolo sexual na época, o vocalista adotou performances sensuais, obcenas muitas vezes, criando um figura pública controversa.
Drogas e álcool, que juntamente com o sexo compõem a famosa tríade com o rock, estavam presentes no dia a dia do Doors. Morrison, já um tanto transtornado com sua nova vida, começou (ou ao menos tentou) se afastar um pouco dos holofotes da mídia e do resto da banda, com quem vivia em conflitos constantes. Até que no dia 3 de julho de 1971, Jim foi encontrado morto, devido a um ataque cardíaco, na banheira do hotel em que se hospedava em Paris, tendo sua morte anunciada dias depois em meia a muita confusão e especulações.
Permanece até hoje a imagem do vocalista rebelde, que ignorou as proibições do programa The Ed Sullivan Show, do bêbado que exibiu o pênis em um show nos Estados Unidos e que protagonizou tantas outras insanidades.
Seu túmulo, em Paris, é um dos locais mais visitados da Europa. Diariamente passam cerca de 300 pessoas pelo local. Fotos, velas, cartas e os mais diversos objetos são deixados juntos a lápide do músico. Algumas pessoas fazem pequenos ritos as escondidas no cemitério e até mantém relações sexuais perto do túmulo.
Se vivo, Jim Morrison completaria em dezembro 68 anos. Não se pode afirmar o que aconteceria com o Doors se o seu vocalista não tivesse morrido em 1971. A única certeza é que sua morte foi criado um mito que perdurará por muito tempo.
sábado, 1 de julho de 2006
Weapon of Choice
O vídeoclip "Weapon of choice", baseado na música de mesmo nome do Fatboy Slim, foi dirigido por Spike Jonze, o mesmo diretor dos filmes "Quero ser John Malkovich" e "Adaptação". A música faz parte do disco "Halfway between the gutter and the stars" ("Metade do caminho entre a sarjeta e as estrelas"), de 2000. No vídeo, o ator Christoper Walken interpreta um homem que aproveita a ausência de pessoas no local para dançar pelos salões de um luxuoso hotel. Walken também ajudou a coreografar a dança, que inclui uma cena em que ele mergulha do alto de uma sacada para voar ao redor do salão.
domingo, 25 de junho de 2006
Sonhos
Tudo funciona assim: você acorda atônico pela manhã e não consegue aceitar que sua mente tenha sido capaz de criar tudo aquilo. Você precisa comprovar que tudo não passa realmente de um sonho; quer tentar encontrar ao menos uma evidência que prove que seu inconsciente não teria capacidade de te pregar tamanha peça. Mais ou menos como aquele personagem do filme “Em algum lugar do passado”, você começa a ficar obcecado com a idéia de reencontrar aquela pessoa do seu sonho, ainda meio aturdido pela dúvida de estar sonhando ou desperto.
É parecido com a sensação que se tem quando se tem sonhos desta espécie com alguém que se viu uma única vez... Certa ocasião, na escola, quando eu era ainda mais estranho do que sou hoje e tinha por volta de 13 anos, lembro-me de ter passado todo o recreio procurando uma garota mais velha do que eu, ainda sonhando acordado o sonho que tinha tido na noite passada com alguém que havia visto apenas de relance. Sempre fui tímido e com certeza não haveria nada a ser feito além de encontrá-la, mas eu queria revê-la e sentir uma pontinha de nostalgia do que ela nem sonhava... Não sonhara... E nem sonharia... Ou será que na mesma noite teria ela sonhado com aquele menino e talvez estivesse procurando-o também com o desejo secreto de apenas revê-lo?
Não estava.
Eu a vi entre várias amigas. Estava exatamente como no sonho: o mesmo cabelo curto, o rosto cheio de espinhas, as sobrancelhas fortes que realçavam o brilho dos olhos... É estranho quando você se depara com alguém com quem teve um relacionamento que foi tão intenso, e que no entanto só existiu em sua mente. Talvez seja a mesma sensação de um fã que passa anos sonhando com a oportunidade de ficar cara a cara com seu ídolo e de repente consegue realizar essa façanha. Não sei. Não consigo explicar com palavras, mas lembro-me de ter ficado parado ali por algum tempo, olhando e lembrando. Eu a amei baixinho, num segredo velado, típico desses sonhos que se sonha sozinho... Sonho tão real que venceu até o desafio do tempo e da memória, e que me faz curiosamente lembrar dela, quando eu mesmo já esqueci de tantas pessoas que amei ao longo tempo.
Acho que estou ficando velho.
quinta-feira, 15 de junho de 2006
Morte, o sono dos justos
O fato é que me recuso a aceitar a idéia de que nos dias de hoje pessoas – sim, pessoas assim como eu e como você que lê este texto – morram de fome. Não consigo aceitar a idéia de que uma mãe, que tira o sustento da coleta informal do lixo e, que recebe por isso, mais ou menos, R$ 300,00 mensais, viva com seus seis filhos num barraco de 2 metros quadrados, e tenha que pagar R$ 100,00, por mês, pelo aluguel dessa moradia. Não consigo aceitar a idéia de que seis crianças tenham que comer fubá misturado com água e restos de lixo para poder sobreviver. Não aceito e jamais aceitarei a notícia de que uma menina de um ano e seis meses tenha morrido de fome por não agüentar uma dieta de vários meses à base de fubá com água.
Ela nasceu perfeita e pobre.
Puta que pariu.
Que raio mundo é esse em que uma criança de um ano e três meses morre de fome e ninguém faz nada? Que mundo é esse em que ninguém questiona o fato de haver pessoas que desfilem por aí em carros que custam U$ 300.000,00, enquanto uma criança de um ano e seis meses morre de fome porque os R$ 300,00 que sua mãe recebe por mês têm que ser divididos entre sete pessoas e o aluguel? Que mundo é esse em que a reificação das relações pessoais atingiu um estágio tão desenvolvido que a morte de alguém, por não ter o que comer, não é suficiente para nos sensibilizar a questionar o porquê das desigualdades sociais?
Tomara que caia um meteoro e destrua essa merda de planeta.
domingo, 4 de junho de 2006
Dancem macacos, dancem
Macacos que se acham mais espertos que os macacos, fazem vídeos criticando outros macacos, esquecendo-se que, na verdade, não passam de "macacos".
O que é uma grande ofensa aos símios...
domingo, 28 de maio de 2006
Conhecer-se é errar
O homem superior difere do homem inferior, e dos animais irmãos deste, pela simples qualidade da ironia. A ironia é o primeiro indício de que a consciência se tornou consciente. E a ironia atravessa dois estádios: o estádio marcado por Sócrates, quando disse «sei só que nada sei», e o estádio marcado por Sanches, quando disse «nem sei se nada sei». O primeiro passo chega àquele ponto em que duvidamos de nós dogmaticamente, e todo o homem superior o dá e atinge. O segundo passo chega àquele ponto em que duvidamos de nós e da nossa dúvida, e poucos homens o têm atingido na curta extensão já tão longa do tempo que, humanidade, temos visto o sol e a noite sobre a vária superfície da terra.
Conhecer-se é errar, e o oráculo que disse «Conhece-te» propôs uma tarefa maior que as de Hércules e um enigma mais negro que o da Esfinge. Desconhecer-se conscientemente, eis o caminho. E desconhecer-se conscienciosamente é o emprego activo da ironia. Nem conheço coisa maior, nem mais própria do homem que é deveras grande, que a análise paciente e expressiva dos modos de nos desconhecermos, o registo consciente da inconsciência das nossas consciências, a metafísica das sombras autónomas, a poesia do crepúsculo da desilusão.
Mas sempre qualquer coisa nos ilude, sempre qualquer análise se nos embota, sempre a verdade, ainda que falsa, está além da outra esquina. E é isto que cansa mais que a vida, quando ela cansa, e que o conhecimento e meditação dela, que nunca deixam de cansar.
Bernardo Guimarães, in 'O Livro do Desassossego'.
quinta-feira, 25 de maio de 2006
Existencialismo I
A abstinência de Fanta Laranja no meu sistema nervoso tem feito um estrago grande em minha sanidade*. Por isso, e talvez como forma de catarse, resolvi registrar mais uma vez meus devaneios aqui. Tenho pensado muito a respeito do existencialismo, principalmente sobre a questão da responsabilidade pelas escolhas e a sua relação com o que definimos por 'destino'.
Acho que estamos perdendo as virtudes de vivermos apaixonadamente; de assumirmos a responsabilidade por quem somos, de tentarmos realizar algo e nos sentirmos bem em relação à vida. O existencialismo é, às vezes, visto como uma filosofia do desespero, mas eu penso que é o contrário. O que ele nos ensina não é que deve existir um sentimento de angústia pela vida, mas sim que devemos encará-la como se ela fosse uma obra aberta, pronta para ser criada e, se preciso, redefinida.
De acordo com Sartre, cada escolha carrega consigo uma responsabilidade. Se escolho ficar em casa dormindo ao invés de ir trabalhar, falar alguma coisa ou escrever nesse blog, tenho que ter consciência de que qualquer conseqüência desses atos terá sido resultado de minha própria escolha. E ao colocar cada escolha em ação provoco mudanças no mundo que não podem ser desfeitas. Não posso, segundo o existencialismo, atribuir a responsabilidade por estes atos a nenhuma força externa, ao destino ou a Deus. A essência da responsabilidade segundo os existencialistas é que eu, por minha vontade e escolha ajo no mundo e afeto o mundo todo. É uma responsabilidade da qual não posso fugir.
Sempre tenho uma incômoda sensação de que algo essencial está sendo deixado de fora do modo como vivemos (ou pelo menos do modo como vivo). Quanto mais se fala sobre o ser humano como um ser social ou como fragmentado ou marginalizado abre-se todo um novo universo de desculpas. E esse talvez seja o ponto: por que sempre complicamos e criamos desculpas? Por que as decisões que tomamos têm que ser influenciadas pelo Outro?
Quando Sartre fala de responsabilidade, não é abstrato. Não se trata do tipo de 'eu' ou de 'alma' de que falam as religiões. É algo concreto. Somos nós, falando, tomando decisões e assumindo as conseqüências. Acho que a mensagem é que não devemos jamais nos eximir da responsabilidade com nós mesmos, e nos vermos como vítimas de várias forças.
Quem nós somos é sempre uma decisão nossa.
*Teria a Coca-cola tido a audácia de cancelar a produção desse doce e alaranjado líquido sem consultar a opinião de seu maior consumidor [ou seja, eu]?
quinta-feira, 11 de maio de 2006
Apenas um soneto
Muda-se o caráter, muda-se a confiança;
Tudo no mundo tende à mudança,
Mas algo não muda desde a antigüidade,
Aqueles que empregam suas habilidades,
para semear a desconfiança;
Para aos corruptos oferecer aliança,
e tornar a justiça, se já houve, em saudades.
'Artistas' que empregam seu canto,
se é se pode dizer assim de tal zurraria,
para vestir um ladrão de santo.
E é besteira acreditar que tudo mudará um dia.
E é daí que vem o motivo par'o pranto:
'Arte' alienada + mídia é igual a acefalia.
domingo, 7 de maio de 2006
Waking life

Você alguma vez já se questionou se a realidade tal qual a conhecemos é real mesmo? Se aquilo que concebemos como real é o que percebemos com nossos sentidos (visão, olfato, sons, etc) e não com nossa razão, então como podemos ter certeza de que o que percebemos é verdadeiro? Como saber se nossos sentidos não nos enganam? E mais ainda, há pessoas que dizem sonhar muito e outras que reclamam por não sonhar nada. Quer lembrem-se ou não dos sonhos que tiveram, já foi provado que todos os seres humanos sonham, e é aqui que está o ponto a que quero chegar: para o cérebro não faz diferença se é sonho ou realidade (o que explica por que nossas recordações das experiências que registramos dormindo são tão vivas). Mas se o que entendemos como realidade por sua vez for apenas uma convenção de nosso cérebro, então como diferenciar daquilo que é apreendido por nossos sentidos?
Assisti um filme hoje (o título é o mesmo desse texto) que me fez mais uma vez questionar a veracidade daquilo que considero realidade. Na trama, após não conseguir acordar de um sonho, um rapaz passa a encontrar pessoas da vida real em seu mundo imaginário. Uma das questões levantadas pelo filme é: estamos feito sonâmbulos quando estamos acordados ou será que estamos conscientes enquanto sonhamos? Quando paro para pensar a respeito, desconfio, por exemplo, que talvez os loucos sejam os únicos que, por terem perdido essa noção da linha tênue que separa a realidade da ilusão (ou não-realidade), descobriram a falha na matrix e enxergam as coisas como elas realmente são. Na falta de explicação melhor, fico com as palavras do mestre Poe: “O que vejo, o que sou e suponho será apenas um sonho num sonho?”.
sábado, 29 de abril de 2006
Noite Alucinante

O héroi, o primeiro e único Ash (Bruce Campbell)
No primeiro filme, um grupo de amigos vai a uma cabana isolada na floresta. Lá eles ouvem uma fita em que um arqueólogo recita passagens do Livro dos Mortos. A evocação traz da floresta as forças do mal e a noite se transforma numa luta sanguinária pela sobrevivência.

O livro dos Mortos, o infernalmente famoso Necronomicon Ex-Mortis
Os cinco minutos iniciais de Uma Noite Alucinante (Evil Dead II – Dead by dawn, 1987) resumem perfeitamente o primeiro filme, de tal forma que nem é preciso assisti-lo para entender essa continuação. Ash (o protagonista da história) e sua namorada, Linda, são atacados por espíritos que eles invocam quando tocam uma fita de audio gravada por um arqueólogo (na qual ele lê vários trechos do Livro dos Mortos). Como é de costume com todas as gravações arqueológicas, ela invoca forças demoníacas sedentas por destruição.

O herói, numa 'discusão amistosa' com sua namorada possuída,
ou melhor, com a cabeça possuída de sua namorada...
Numa cena clássica, a namorada de Ash é possuída e ele é forçado a decapitá-la e enterrá-la na floresta. O mais bacana é que ela ressurge (podre como se estivesse morta há décadas) e logo se reúne com sua estimada cabeça. Ash, que é um namorado carinhoso, prende a cabeça dela numa prensa e a estraçalha com uma serra elétrica, numa sequência de pura poesia em movimento.
Linda, logo após recuperar sua cabeça...
Nesse filme ainda há outras cenas memoráveis, como a mão possuída que se revolta contra seu dono, a “dança” de Linda e quando todos os objetos da sala ficam rindo de Ash. Quem está acostumado com os efeitos especiais de hoje poderá estranhar os do filme e achar tudo muito mal feito. E o pior é que eles são mal-feitos! Mesmo para o padrão da época em que os filmes foram lançados. Entretanto, o efeito é reverso pois as situações tornam-se mais engraçadas e o resultado é único no gênero, muito melhor, por exemplo, do que os recentes filmes de tortura, tipo Jogos Mortais e O Albergue.

O herói, após ser possuído e um pouco antes de perder a mão
O terceiro filme, Noite Alucinante III - O Exército das Trevas (Army of Darkness, 1993), comeca com Ash contando a sua inacreditável história (Noite Aluncinante II). Ele é enviado para a Idade Média, onde é capturado e levado como prisioneiro por um rei. Ash e um outro prisioneiro são jogados num poço cheio de demônios. O primeiro prisioneiro dura poucos segundos antes que seu sangue seja espirrado por todo lugar. Ash é o próximo, mas ele acaba com o demônio e sai do poço. Esse ato heróico dá a Ash algum respeito, daí ele sai em busca do Livro dos Mortos, a única forma de voltar para casa.

Ash, homem, matador de demônios, mito.
Ele o encontra, e para poder retornar à nossa época e afastar de vez a ameaça do Exército da Escuridão precisa recitar uma frase mágica ("clatu, verata, nictu", por coincidência o título desse blog, saiba mais clicando aqui). Em sua infinita ignorância, Ash recita as palavras erradas e invoca o tal Exército da Escuridão, e isso é só o início da diversão.

Capa do dvd do terceiro filme (que, infelizmente,
ainda não foi lançado nesse formato aqui no Brasil)
Os três filmes são imperdíveis e o diretor Sam Raimi, levou muita coisa da série Noite Alucinante para os dois filmes do Homem Aranha (como por exemplo, os movimentos alucinados de câmera junto ao herói). Recentemente, vários sites espalharam uma notícia sobre um quarto filme da série estar em produção, mas até o momento nada foi confirmado. Espero ter contribuído para a elevação cultural da sociedade com esta mini-resenha. Uma dica para o final de semana é procurar por qualquer um desses filmes na locadora mais próxima de sua casa, juntar uma galera bem medrosa, encher um baldão de pipoca e assistir.
É satisfação garantida ou o arrependimento de volta.
sexta-feira, 21 de abril de 2006
O behaviorismo é um niilismo?
O que não entra em minha cabeça é: o homem está morto? Quero dizer, se todas as minhas ações são reações ao ambiente, então minhas ações não partem de mim? Dizer que eu me comporto de acordo com um estimulo é retirar de mim aquilo que me qualifica como pessoa, como individuo. O que dizer então a respeito do inconsciente? Ele não existe?
Sei não, mas acho que não é correto pensar que o homem é passivo diante do ambiente. Fazer isso é atribuir-lhe um status de reagente e anulá-lo enquanto criador em potencial; é acreditar que a existência humana é desprovida de qualquer sentido. O ambiente que vai selecionar a ação humana não foi produzido pela própria ação humana? (ou ao menos por meio da intervenção humana?) Não seria então o caso de uma troca? Um movimento da natureza, do qual o homem não está acima dela, mas é parte dela?
Questões...
sexta-feira, 14 de abril de 2006
Questões
Uma multidão de alunos enfurecidos se acotovela diante de uma porta fechada e uma janela semi-aberta. Seus olhos, vazios, distantes e cansados, já não vislumbram qualquer sinal de esperança. Destituídos de vontade própria, eles se contentam em reclamar enquanto aguardam. Afixada à porta encontra-se uma lista. Nela constam os nomes de 130 infelizes, pobres criaturas condenadas a passar a noite clamando pelo nome de um homem: Enrique, El Coordenador.
À direita da janela, outra lista com a relação das disciplinas com vagas disponíveis denuncia os sofrimentos pelos quais aquelas 130 almas estarão condenadas: Psicoparasitologia lingüística, Desaprendizagem Gerativa do Português, Língua Francesa Frita III, Português Extrume-e-tal I, Farsa I e II, etc. Do lado de dentro, funcionários bebem cerveja enquanto assistem avidamente o capítulo da novela.
Diante desse cenário, a 130ª alma da lista observa.
Seus olhos, vazios, distantes e cansados, também já não vislumbram sinal de esperança. A porta se abre, o relógio marca 21h:16min, um dos guardiões de Lúcif..., quer dizer, Enrique chama o próximo que seria atendido, é o felizardo de nº 09!
O 130º infeliz fecha os olhos (aqueles que estão vazios, distantes e cansados, e que já não vislumbram nenhum sinal de esperança), e se deixa levar por um turbilhão de pensamentos:
Por que a vida não pode mais ser simples como quando eu era criança?
O que aconteceu comigo?
Onde está o menino que fui?
Vive em mim ou desapareceu de vez?
Como pude sacanear aquele carinha destemido e cheio de planos que fui um dia?
Quando minha infância se foi por que cargas d’água eu não a acompanhei?
O que aconteceu com o Kichute, a Conga e o Bamba?
E com o Falcon?
Por que não consigo me lembrar do rosto de pessoas que foram importantes em pontos cruciais de minha vida?
Será que existe vida após a morte?
Se não existe vida após a morte, porque nos privamos de viver a vida em toda a sua potencialidade?
Será que existe vida em outro planeta?
Se existe, por que vim nascer justo neste planeta?
Será que lá também tem fila?
Tem coisa mais desanimadora na vida que ficar numa fila sem fim?
Tem coisa mais desanimadora na vida que ficar numa fila sem fim, se você sabe que o que você realmente quer não pode ser atendido?
Quem sabe o que realmente se quer?
A quem eu dirijo estas perguntas?
segunda-feira, 10 de abril de 2006
Lista de pedidos (Wishlist)
Queria ser uma bomba de nêutrons,
ao menos uma vez eu poderia explodir.
Queria ser um sacrifício
que de alguma forma conseguisse sobreviver.
Queira ser o enfeite sentimental que você pendura,
A árvore de Natal,
eu queria ser a estrela que fica no topo,
Queria ser a prova,
Queria ser o motivo
para cinqüenta milhões de mãos
levantadas e abertas em direção ao céu
Queria ser um marinheiro
com alguém esperando por mim
Queria ser tão sortudo,
tão sortudo como eu.
Queria ser um mensageiro,
e que todas as noticias fossem boas
Queria ser a lua cheia
iluminando o capô do seu carro.
Queria ser um alienígena,
em casa atrás do sol,
Queria ser a lembrancinha
que você guarda com a chave da sua casa.
Queria ser o pedal do freio que você confia.
Queria ser o verbo confiar,
e jamais te desapontar.
Queria ser a canção de rádio,
aquela que você aumenta o volume,
Queria...
segunda-feira, 3 de abril de 2006
Casamento
Visto assim, o casamento funcionaria como uma espécie de cura para a solidão e a sensação de vazio. O segundo maior motivo é o desejo de construir um lar que represente conforto e segurança e, em terceiro lugar, estão as pessoas que se casaram porque viram que os outros a sua volta também se casaram.
Com razões tão vazias é muito provável que esses casamentos estejam desfeitos em alguns anos. Talvez seja um sinal dos tempos, ou talvez seja pelo fato de eu andar muito amargo ultimamente, mas acredito que a motivação e os requisitos para que um casamento dê certo mudaram muito. Houve um tempo em que as juras de amor eterno eram a motivação, quase exclusiva, para sustentar as expectativas do sucesso matrimonial, hoje fala-se em “afinidade”, e é aí que está o grande problema, na minha opinião, o matrimônio é uma espécie de despersonalização.
domingo, 2 de abril de 2006
Confissão
esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na
cama
sinto muita pena de
minha mulher
ela vai ver este
corpo
rijo e
branco
vai sacudi-lo talvez
sacudi-lo de novo:
"Hank!"
e Hank não vai responder
não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa
nenhuma.
no entanto
eu quero que ela
saiba
que dormir todas
as noites
a seu lado
e mesmo as
discussões mais banais
eram
coisas
realmente esplêndidas
e as palavras
difíceis
que
sempre
tive medo de
dizer
podem agora ser ditas:
eu te
amo.
Fonte: Os 25 Melhores Poemas de Charles Bukowski, com tradução de Jorge Wanderley, pela editora Bertrand Brasil, edição de 2003.
À espera dos bárbaros
Constantino Kaváfis (1863-1933) O que esperamos na ágora reunidos? É que os bárbaros chegam hoje. Por que tanta apatia no senado? Os s...
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Luís Fernando Veríssimo Eu queria, senhora, ser o seu armário e guardar os seus tesouros como um corsário Que coisa louca: ser seu guarda-ro...
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