Mostrando postagens com marcador Poesia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Poesia. Mostrar todas as postagens

sábado, 14 de julho de 2018

Nada

Townes Van Zandt

Ei gata, quando você for embora
Não deixe nada para trás
Eu não quero nada
Não posso usar nada

Tome cuidado no salão
E se vir meus amigos
Diga e eles que estou bem
Não usando nada

Quase queimei meus olhos
Queimei meus ouvidos no chão
Eu não vi nada
Eu não ouvi nada

Fiquei lá como um bloco de pedra
Sabendo tudo o que deveria saber
E nada mais
Cara, isso não é nada

Como irmãos, nossos problemas estão
Trancados nos braços um do outro
E melhor rezar
Para que eles nunca te encontrem

Suas costas não são fortes o suficiente
Para cargas dobradas
Eles te esmagariam
Até não sobrar nada

Nascer é ficar cego
E curvar-se umas mil vezes
O eco fica preso
Em pura tentação

Tristeza e solidão
Estas são as coisas preciosas
E as únicas palavras
Que valem a pena lembrar



Nothin'
Townes Van Zandt

Hey mama, when you leave
Don't leave a thing behind
I don't want nothin'
I can't use nothin'

Take care into the hall
And if you see my friends
Tell them I'm fine
Not using nothin'

Almost burned out my eyes
Threw my ears down to the floor
I didn't see nothin'
I didn't hear nothin'

I stood there like a block of stone
Knowin' all I had to know
And nothin' more
Man, that's nothin'

As brothers our troubles are
Locked in each others arms
And you better pray
They never find you

Your back ain't strong enough
For burdens double fold
They'd crush you down
Down into nothin'

Being born is going blind
And bowing down a thousand times
The echo strung
On pure temptation

Sorrow and solitude
These are the precious things
And the only words
That are worth rememberin'

terça-feira, 7 de outubro de 2014

O andarilho - Segunda versão

Georg Trakl

SEMPRE se apoia na colina a noite branca,
onde se eleva o álamo, em música prateada,
há estrelas e pedras.

Sonolenta, arqueia-se sobre o rio a pequena ponte,
um rosto morto persegue o menino,
meia lua no vale rosa

e, ao longe, pastores agradecem. Do pedregoso leito
avista com seus olhos cristalinos o sapo,
ergue-se, do vento florido, a voz de pássaro do que se assemelha a um morto
e os passos verdejam lentos no bosque.

E isto recorda ao animal e à árvore. Lentas escadas de musgo;
e a Lua,
esplêndida, cujo brilho se afunda na lagoa melancólica.

Ele regressa e vaga pelas verdes costas,
equilibra-se numa gôndola negra pela cidade em ruínas.


DER WANDERER 2. Fassung 
IMMER lehnt am Hügel die weiße Nacht,
Wo in Silbertönen die Pappel ragt,
Stern' und Steine sind.

Schlafend wölbt sich über den Gießbach der Steg,
Folgt dem Knaben ein erstorbenes Antlitz,
Sichelmond in rosiger Schlucht

Ferne preisenden Hirten. In altem Gestein
Schaut aus kristallenen Augen die Kröte,
Erwacht der blühende Wind, die Vogelstimme des Totengleichen
Und die Schritte ergrünen leise im Wald.

Dieses erinnert an Baum und Tier. Langsame Stufen von Moos;
Und der Mond,
Der glänzend in traurigen Wassern versinkt.

Jener kehrt wieder und wandelt an grünem Gestade,
Schaukelt auf schwarzem Gondelschiffchen durch die verfallene Stadt.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Campo, chinês e sono

Carlos Drummond de Andrade

A João Cabral de Melo Neto

O chinês deitado
no campo. O campo é azul,
roxo também. O campo,
o mundo e todas as coisas
têm ar de um chinês
deitado e que dorme.
Como saber se está sonhando?
O sono é perfeito. Formigas
crescem, estrelas latejam,
peixes são fluidos.
E árvores dizem qualquer coisa
que não entendes. Há um chinês
dormindo no campo. Há um campo
cheio de sono e antigas confidências.
Debruça-te no ouvido, ouve o murmúrio
do sono em marcha. Ouve a terra, as nuvens.
O campo está dormindo e forma um chinês
de suave rosto inclinado
no vão do tempo.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Del amor navegante

Leopoldo Marechal

Porque no está el Amado en el Amante
Ni el Amante reposa en el Amado,
Tiende Amor su velamen castigado
Y afronta el ceño de la mar tonante.

Llora el Amor en su navío errante
Y a la tormenta libra su cuidado,
Porque son dos: Amante desterrado
Y Amado con perfil de navegante.

Si fuesen uno, Amor, no existiría
Ni llanto ni bajel ni lejanía,
Sino la beatitud de la azucena.

¡Oh amor sin remo, en la Unidad gozosa!
¡Oh círculo apretado de la rosa!
Con el número Dos nace la pena.



Do amor navegante

Porque não está o Amado no Amante
Nem o Amante repousa no Amado,
Estende o Amor suas velas castigadas
E afronta a face do mar trovejante.

Chora o Amor em seu navio errante
E à tormenta livra seu cuidado,
Porque são dois: Amante desterrado
E Amado com perfil de navegante.

Se fossem um, Amor, não existiria
Nem pranto nem navio nem distância
Apenas a beatitude da açucena.

Ó amor sem remo, na Unidade gozosa!
Ó círculo apertado da rosa!
Com o número Dois nasce a pena. 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Final Del Año

Jorge Luís Borges

Ni el pormenor simbólico
de reemplazar un tres por un dos
ni esa metáfora baldía
que convoca un lapso que muere y otro que surge
ni el cumplimiento de un proceso astronómico
aturden y socavan
la altiplanicie de esta noche
y nos obligan a esperar
las doce irreparables campanadas.
La causa verdadera
es la sospecha general y borrosa
del enigma del Tiempo;
es el asombro ante el milagro
de que a despecho de infinitos azares,
de que a despecho de que somos
las gotas del río de Heráclito,
perdure algo en nosotros:
inmóvil.

Final do ano

Nem o pormenor simbólico
de substituir um dois por um três
nem essa metáfora baldia
que convoca um lapso que morre e outro que surge
nem o cumprimento de um processo astronômico
aturdem e minam
o planalto desta noite
e nos obrigam a esperar
as doze irreparáveis badaladas.
A causa verdadeira
é a suspeita geral e apagadora
do enigma do Tempo;
é o assombro ante o milagre
de que a despeito de infinitos azares,
de que a despeito de que somos
as gotas do rio Heráclito,
perdure algo em nós:
imóvel.                 

domingo, 16 de setembro de 2012

For my father


Paul Potts

I  think a time will come when you will understand
That I wass forced to try and fly and learn to sing
And the because I fell, echoless, between dark rocks
Is of itself no proof that if I had not run away
I would have grown strong and added to
The long tradition of you and your quiet sires.
Remember too, that this emigrating is of itself
Part of your own long silent heritage.
Else, how sir, did you come to be American?


Acho que chegará o momento em que você vai entender
que fui forçado a tentar e voar e a aprender a cantar
e porque caí, sem eco, entre rochas escuras
não é por si prova de que se eu não tivesse fugido
teria crescido forte e contribuído para
a sua longa tradição e aos seus discretos progenitores.
Lembre-se, também, de que esta emigração é ela mesma
parte de sua longa herança.
De que outro modo, então, o senhor chegou a ser americano?



Paul Potts. Poeta inglês (1911-1990).  Confira uma belíssima tradução ao espanhol em "La Biblioteca de Marcelo Leites"

terça-feira, 3 de julho de 2012

Poderoso cavalheiro é Dom Dinheiro


Francisco de Quevedo

Mãe, eu ao ouro me humilho,
ele é meu amante e meu amado,
e, de tão enamorado,
de contínuo anda amarelado;
e em fortunas ou trocados,
faz tudo quanto quero,
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.


Nasce nas Índias honrado,
onde o mundo o acompanha;
vem morrer na Espanha,
e é em Gênova enterrado.
e ademais, quem o tem a seu lado
é formoso, embora seja feio,
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.


É galã e é como um ouro;
tem quebrada a cor,
pessoa de grande valor,
tão cristão quanto mouro;
pois dá e quita o decoro
e quebranta qualquer foro,
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.


São seus pais principais
e é de nobres, descendente
porque nas veias do Oriente
todos os sangues são Reais.
e, portanto, é quem torna iguais
ao rico e ao pedinte,
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.


E quem não se encanta
de ver em sua glória, sem taxa,
o que é o pior de sua casa
dona Blanca de Castilla?
Mas eis que sua força humilha
ao covarde e ao guerreiro,
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.


Seus escudos de armas nobres
são sempre tão principais,
que sem seus escudos reais
não há escudos de armas duplas;
e pois às mesmas duras
da cobiça seu mineiro,
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.


Por importar nos tratos
e dar tão bons conselhos
nas casas dos velhos
gatos lhe guardam de gatos;
e assim ele rompe recatos
e abranda ao juiz mais severo,
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.


É tanta sua majestade,
que, embora sejam seus duelos fartos,
ele, ainda tendo esquartejado
não perde sua qualidade.
mas, com certeza, dá autoridade
ao camponês e ao jornaleiro,
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.


Nunca vi damas ingratas
ao seu gosto e afeição,
que às caras com um dobrão
fazem suas caras baratas;
e assim faz as bravatas
de uma bolsa de couro,
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.


Mais valem em qualquer terra
(vejam se não é realmente sagaz)
seus escudos na paz,
que escudos na guerra;
pois ao nativo desterra
e faz nativo o forasteiro.
poderoso cavalheiro
é dom Dinheiro.

Poderoso caballero es don DineroFrancisco de Quevedo
Madre, yo al oro me humillo,
él es mi amante y mi amado,
pues de puro enamorado
de continuo anda amarillo;
que pues, doblón o sencillo,
hace todo cuanto quiero,
poderoso caballero
es don Dinero.
Nace en las Indias honrado
donde el mundo le acompaña;
viene a morir en España
y es en Génova enterrado;
y pues quien le trae al lado
es hermoso aunque sea fiero,
poderoso caballero
es don Dinero.
Es galán y es como un oro;
tiene quebrado el color,
persona de gran valor,
tan cristiano como moro;
pues que da y quita el decoro
y quebranta cualquier fuero,
poderoso caballero
es don Dinero. 
Son sus padres principales,
y es de noble descendiente,
porque en las venas de oriente
todas las sangres son reales;
y pues es quien hace iguales
al duque y al ganadero,
poderoso caballero
es don Dinero.
Mas ¿a quién no maravilla
ver en su gloria sin tasa
que es lo menos de su casa
doña Blanca de Castilla?
Pero pues da al bajo silla,
y al cobarde hace guerrero,
poderoso caballero
es don Dinero. 
Sus escudos de armas nobles
son siempre tan principales,
que sin sus escudos reales
no hay escudos de armas dobles;
y pues a los mismos robles
da codicia su minero,
poderoso caballero
es don Dinero. 
Por importar en los tratos
y dar tan buenos consejos,
en las casas de los viejos
gatos le guardan de gatos;
y pues él rompe recatos
y ablanda al jüez más severo,
poderoso caballero
es don Dinero.
Y es tanta su majestad,
aunque son sus duelos hartos,
que con haberle hecho cuartos,
no pierde su autoridad;
pero, pues da calidad
al noble y al pordiosero,
poderoso caballero
es don Dinero.
Nunca vi damas ingratas
a su gusto y afición,
que a las caras de un doblón
hacen sus caras baratas;
y pues hace las bravatas
desde una bolsa de cuero,
poderoso caballero
es don Dinero.
Más valen en cualquier tierra
mirad si es harto sagaz,
sus escudos en la paz,
que rodelas en la guerra;
y pues al pobre le entierra
y hace propio al forastero,
poderoso caballero
es don Dinero.

domingo, 24 de junho de 2012

A chuva


Jorge Luis Borges

Bruscamente tem a tarde se iluminado
Porque já cai a chuva minuciosa.
Cai ou caiu. A chuva é uma coisa
que sem dúvidas acontece no passado.

Quem a ouve cair, terá recordado
o tempo em que a sorte venturosa
lhe revelou uma flor chamada rosa
e a curiosa cor do avermelhado.

Esta chuva que cega os cristais
Alegrará em perdidos confins
as negras uvas de uma parreira em certo
pátio que já não existe. A molhada
tarde me traz a voz, a voz desejada,
de meu pai que volta e que não está morto.

La Lluvia
Jorge Luis Borges
Bruscamente la tarde se ha aclarado
porque ya cae la lluvia minuciosa.
Cae o cayó. La lluvia es una cosa
que sin duda sucede en el pasado.
Quien la oye caer ha recobrado
el tiempo en que la suerte venturosa
le reveló una flor llamada rosa
y el curioso color del colorado.
Esta lluvia que ciega los cristales
alegrará en perdidos arrabales
las negras uvas de una parra en cierto
patio que ya no existe. La mojada
tarde me trae la voz, la voz deseada,
de mi padre que vuelve y que no ha muerto
. 
Jorge Luis Borges, In: “El hacedor”, 1960.

domingo, 6 de maio de 2012

Eu fui


Luis Cernuda

Eu fui.
Coluna ardente, lua de primavera.
Mar dourado, olhos grandes.

Busquei o que pensava;
pensei, com o amanhecer em solo lânguido,
o que pinta o desejo em dias adolescentes.
Cantei, subi,
fui luz um dia
arrastado na chama.

Como um golpe de vento
que desfaz a sombra,
caí no negro,
num mundo insaciável.

Tenho sido.


Yo fui... 

Yo fui.
Columna ardiente, luna de primavera.
Mar dorado, ojos grandes.
Busqué lo que pensaba;
pensé, como al amanecer en sueño lánguido,
lo que pinta el deseo en días adolescentes.
Canté, subí,
fui luz un día
arrastrado en la llama.
Como un golpe de viento
que deshace la sombra,
caí en lo negro,
en el mundo insaciable.
He sido.

sábado, 1 de outubro de 2011

El verano

Juana de Ibarbourou



Estaba tan absorta frente al mundo
que no sentí como volaba el tiempo
siempre adelante con sus duras garras
cargadas de sucesos y momentos,
halcón imperturbable, me llevaba
también a mí, la joven e inocente.
Y quise detenerme, mas no pude
se me filtra en la oscura cabellera
la escarcha de los fríos inclementes,
esclava de sus pasos siempre anduve
en busca del verano que es mi patria
como no puedo hallarle me he sentado
a llorar. Ya no soy sino una apátrida.

Estava tão absorta diante do mundo
Que não senti como voava o tempo
Sempre adiante com suas duras garras
Carregadas de sucessos e momentos,
Falcão imperturbável me levava
Também a mim, a jovem e inocente.
E quis me deter, mas não pude
A escura cabeleira me filtra
A geada dos frios inclementes,
Escrava de seus passos sempre andei
Em busca do verão que é minha pátria
Como não posso encontra-lo me pus
A chorar. Já não sou senão uma apátrida.

domingo, 18 de setembro de 2011

Botella al mar

Botella al mar
Mario Benedetti

El mar un azar
Vicente Huidobro

Pongo estos seis versos en mi botella al mar
con el secreto designio de que algún día
llegue a una playa casi desierta
y un niño la encuentre y la destape
y en lugar de versos extraiga piedritas
y socorros y alertas y caracoles.


Garrafa ao mar
Mario Benedetti

O mar um azar
Vicente Huidobro

Coloco estes seis versos em minha garrafa ao mar
com o secreto desígnio de que algum dia
chegue a uma praia quase deserta
e um menino a encontre e a destampe
e no lugar de versos extraia pedrinhas
e socorros e alertas e caracóis.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

The Nightmare Before Christmas - O poema original

Tim Burton















It was late one fall in Halloweenland,
and the air had quite a chill.
Against the moon a skeleton sat,
alone upon a hill.
He was tall and thin with a bat bow tie;
Jack Skellington was his name.
He was tired and bored in Halloweenland

"I'm sick of the scaring, the terror, the fright.
I'm tired of being something that goes bump in the night.
I'm bored with leering my horrible glances,
And my feet hurt from dancing those skeleton dances.
I don't like graveyards, and I need something new.
There must be more to life than just yelling,
'Boo!'"

Then out from a grave, with a curl and a twist,
Came a whimpering, whining, spectral mist.
It was a little ghost dog, with a faint little bark,
And a jack-o'-lantern nose that glowed in the dark.
It was Jack's dog, Zero, the best friend he had,
But Jack hardly noticed, which made Zero sad.

All that night and through the next day,
Jack wandered and walked.
He was filled with dismay.
Then deep in the forest, just before night,
Jack came upon an amazing sight.
Not twenty feet from the spot where he stood
Were three massive doorways carved in wood.
He stood before them, completely in awe,
His gaze transfixed by one special door.
Entranced and excited, with a slight sense of worry,
Jack opened the door to a white, windy flurry.

Jack didn't know it, but he'd fallen down
In the middle of a place called Christmas Town!
Immersed in the light, Jack was no longer haunted.
He had finally found the feeling he wanted.
And so that his friends wouldn't think him a liar,
He took the present filled stockings that hung by the fire.
He took candy and toys that were stacked on the shelves
And a picture of Santa with all of his elves.
He took lights and ornaments and the star from the tree,
And from the Christmas Town sign, he took the big letter C.

He picked up everything that sparkled or glowed.
He even picked up a handful of snow.
He grabbed it all, and without being seen,
He took it all back to Halloween.

Back in Halloween a group of Jack's peers
Stared in amazement at his Christmas souvenires.
For this wondrous vision none were prepared.
Most were excited, though a few were quite scared!

For the next few days, while it lightninged and thundered,
Jack sat alone and obsessively wondered.
"Why is it they get to spread laughter and cheer
While we stalk the graveyards, spreading panic and fear?
Well, I could be Santa, and I could spread cheer!
Why does he get to do it year after year?"
Outraged by injustice, Jack thought and he thought.
Then he got an idea. "Yes. . .yes. . .why not!"

In Christmas Town, Santa was making some toys
When through the din he heard a soft noise.
He answered the door, and to his surprise,
He saw weird little creatures in strange disguise.
They were altogether ugly and rather petite.
As they opened their sacks, they yelled, "Trick or treat!"
Then a confused Santa was shoved into a sack
And taken to Halloween to see mastermind Jack.

In Halloween everyone gathered once more,
For they'd never seen a Santa before
And as they cautiously gazed at this strange old man,
Jack related to Santa his masterful plan:
"My dear Mr. Claus, I think it's a crime
That you've got to be Santa all of the time!
But now I will give presents, and I will spread cheer.
We're changing places I'm Santa this year.
It is I who will say Merry Christmas to you!
So you may lie in my coffin, creak doors, and yell, 'Boo!'
And please, Mr. Claus, don't think ill of my plan.
For I'll do the best Santa job that I can."

And though Jack and his friends thought they'd do a good job,
Their idea of Christmas was still quite macabre.
They were packed up and ready on Christmas Eve day
When Jack hitched his reindeer to his sleek coffin sleigh,
But on Christmas Eve as they were about to begin,
A Halloween fog slowly rolled in.
Jack said, "We can't leave; this fog's just too thick.
There will be no Christmas, and I can't be St. Nick."
Then a small glowing light pierced through the fog.
What could it be?. . .It was Zero, Jack's dog!

Jack said, "Zero, with your nose so bright,
Won't you guide my sleigh tonight?"

And to be so needed was Zero's great dream,
So he joyously flew to the head of the team.
And as the skeletal sleigh started its ghostly flight,
Jack cackled, "Merry Christmas to all, and to all a good night!"

'Twas the nightmare before Christmas, and all though the house,
Not a creature was peaceful, not even a mouse.
The stockings all hung by the chimney with care,
When opened that morning would cause quite a scare!
The children, all nestled so snug in their beds,
Would have nightmares of monsters and skeleton heads.
The moon that hung over the new-fallen snow
Cast an eerie pall over the city below,
And Santa Claus's laughter now sounded like groans,
And the jingling bells like chattering bones.
And what to their wondering eyes should appear,
But a coffin sleigh with skeleton deer.
And a skeletal driver so ugly and sick
They knew in a moment, this can't be St. Nick!
From house to house, with a true sense of joy,
Jack happily issued each present and toy.
From rooftop to rooftop he jumped and he skipped,
Leaving presents that seemed to be straight from a crypt!
Unaware that the world was in panic and fear,
Jack merrily spread his own brand of cheer.

He visited the house of Susie and Dave;
They got a Gumby and Pokey from the grave.
Then on to the home of little Jane Neeman;
She got a baby doll possessed by a demon.
A monstrous train with tentacle tracks,
A ghoulish puppet wielding an ax,
A man eating plant disguised as a wreath,
And a vampire teddy bear with very sharp teeth.

There were screams of terror, but Jack didn't hear it,
He was much too involved with his own Christmas spirit!
Jack finally looked down from his dark, starry frights
And saw the commotion, the noise, and the light.
"Why, they're celebrating, it looks like such fun!
They're thanking me for the good job that I've done."
But what he thought were fireworks meant as goodwill
Were bullets and missiles intended to kill.
Then amidst the barrage of artillery fire,
Jack urged Zero to go higher and higher.
And away they all flew like the storm of a thistle,
Until they were hit by a well guided missile.
And as they fell on the cemetery, way out of sight,
Was heard, "Merry Christmas to all, and to all a good
night."

Jack pulled himself up on a large stone cross,
And from there he reviewed his incredible loss.
"I thought I could be Santa, I had such belief"
Jack was confused and filled with great grief.
Not knowing where to turn, he looked toward the sky,
Then he slumped on the grave and he started to cry.
And as Zero and Jack lay crumpled on the ground,
They suddenly heard a familiar sound.

"My dear Jack," said Santa, "I applaud your intent.
I know wreaking such havoc was not what you meant.
And so you are sad and feeling quite blue,
But taking over Christmas was the wrong thing to do.
I hope you realize Halloween's the right place for you.
There's a lot more, Jack, that I'd like to say,
But now I must hurry, for it's almost Christmas day."
Then he jumped in his sleigh, and with a wink of an eye,
He said, "Merry Christmas," and he bid them good bye.

Back home, Jack was sad, but then, like a dream,
Santa brought Christmas to the land of Halloween.

the end

O poema interpretado pelo ator Patrick Stewart






quinta-feira, 3 de julho de 2008

Poética

Cesare Pavese

O menino se dá conta de que a árvore é viva.
Se as tenras folhas se abrem a força
uma luz, rompendo impiedosa, a dura casca
deve sofrer muito. Apenas vive em silencio.
Todo o mundo é coberto de plantas que sofrem
na luz, e não se ouve sequem um suspiro.
É uma luz tenra. O menino não sabe
de onde vem, já é tarde; mas cada tronco revela
sobre um fundo mágico. Após um momento é escuro.

O menino – alguém permanece menino
muito tempo – que tinha medo do escuro,
vai pela rua e não presta atenção às casas escurecidas
no crepúsculo. Curva a cabeça à escuta
de uma lembrança remota. Nas ruas desertas
como praças, acumula-se um grave silêncio.
O caminhante poderia estar apenas num bosque,
onde as árvores fossem enormes. A luz
com um arrepio corre os lampiões. As casas
deslumbradas transpiram no vapor azul claro,
e o menino levanta os olhos. Aquele silêncio remoto
que prendia a respiração do caminhante, floresce
na luz súbita. São as árvores antigas
do menino. E a luz é o encanto de outrora.

E alguém, no diáfano circulo, começa
a passar em silencio. Pela rua ninguém
jamais revela a pena que morde a vida.
Andam rápido, cada um como que absorto em seu passo,
e grandes sombras ondulam. Têm as faces enrugadas
e as olheiras dolentes, mas nenhum se lamenta.
Todas as noites, na luz azul clara,
vão como num bosque, entre as casas infinitas.


Poetica
Cesare Pavese

Il ragazzo s'è accorto che l'albero vive.
Se le tenere foglie si schiudono a forza
una luce, rompendo spietate, la dura corteccia
deve troppo soffrire. Pure vive in silenzio.
Tutto il mondo è coperto di piante che soffrono
nella luce, e non s'ode nemmeno un sospiro.
E' una tenera luce. Il ragazzo non sa
donde venga, è già sera; ma ogni tronco rileva
sopra un magico fondo. Dopo un attimo è buio.

Il ragazzo - qualcuno rimane ragazzo
troppo tempo - che aveva paura dei buio,
va per strada e non bada alle case imbrunite
nel crepuscolo. Piega la testa in ascolto
di un ricordo remoto. Nelle strade deserte
come piazze, s'accumula un grave silenzio.
Il passante potrebbe esser solo in un bosco,
dove gli alberi fossero enormi. La luce
con un brivido corre i lampioni. Le case
abbagliate traspaiono nel vapore azzurrino,
e il ragazzo alza gli occhi. Quel silenzio remoto
che stringeva il respiro al passante, è fiorito
nella luce improvvisa. Sono gli alberi antichi
del ragazzo. E la luce è l'incanto d'allora.

E comincia, nel diafano cerchio, qualcuno
a passare in silenzio. Per la strada nessuno
mai rivela la pena che gli morde la vita.
Vanno svelti, ciascuno come assorto nel passo,
e grandi ombre barcollano. Hanno visi solcati
e le occhiaie dolenti, ma nessuno si lagna.
Tutta quanta la notte, nella luce azzurrina,
vanno come in un bosco, tra le case infinite.

sábado, 21 de junho de 2008

Hora severa

Rainer Maria Rilke

Quem agora chora em algum lugar no mundo,
sem motivo chora no mundo,
chora por mim.

Quem agora ri em algum lugar na noite,
sem motivo ri na noite,
se ri de mim.

Quem agora caminha em algum lugar no mundo,
sem motivo caminha no mundo:
caminha até mim.

Quem agora morre em algum lugar no mundo,
sem motivo morre no mundo,
olha para mim.


Ernste Stunde
Rainer Maria Rilke

Wer jetzt weint irgendwo in der Welt,
ohne Grund weint in der Welt,
weint über mich.

Wer jetzt lacht irgendwo in der Nacht,
ohne Grund lacht in der Nacht,
lacht mich aus.

Wer jetzt geht irgendwo in der Welt,
ohne Grund geht in der Welt,
geht zu mir.

Wer jetzt stirbt irgendwo in der Welt,
ohne Grund stirbt in der Welt:
sieht mich an.

Rainer Maria Rilke, Mitte Oktober 1900, Berlin-Schmargendorf

domingo, 15 de junho de 2008

O momento da criação poética

Bob Dylan em trecho do filme "No direction home", Martin Scorsese.



I'm looking for a place that will "collect, clip, bath," and return my dog, KN1-7727, cigarettes and tobacco. Animals and birds bought or sold on commission.

I want a dog that's gonna collect and clean my bath, return my cigarette and give tobacco to my animals and then give my birds a commission.

I'm looking for somebody to sell my dog, collect my clip, buy my animal, and straighten out my bird.

I'm looking for a place to bathe my bird, buy my dog, collect my clip, sell me cigarettes and commission my bath.

I'm looking for a place that's going to collect my commission, sell my dog, burn my bird, and sell me to the cigarette.

Going to bird my buy, collect my will, and bathe my commission.

I'm looking for a place that's going to animal my soul, knit my return, bathe my foot, and collect my dog. Commission me to sell my animals, to the bird to clip and buy my bath and return me back to the cigarettes.

Procuro um lugar que "arrume, corte o pêlo, dê banho" e devolva meu cachorro, KN1-7727. Cigarros e tabaco. "Vendemos e compramos pássaros em comissão."

Eu quero um cachorro que arrume e limpe meu banheiro e devolva meu cigarro dê tabaco aos meus animais e aí dê uma comissão aos meus pássaros.

Procuro alguém que venda meu cachorro corte meu cabelo, compre meu animal e enderece ao meu pássaro.

Procuro um lugar que dê banho no meu pássaro compre meu cachorro, corte meu cabelo me venda cigarros e dê comissão ao meu banho.

Procuro um lugar que recolha minha comissão, venda meu cachorro, queime meu pássaro e me venda ao cigarro.

Vou passarear minha compra, pegar meu desejo, e dar banho na minha comissão.

Procuro um lugar que animalize minha alma, enlace meu retorno, lave meu pé e arrume meu cachorro. Me dê uma comissão por vender meus animais, ao pássaro por cortar e comprar meu banho e me devolver aos cigarros.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O passado é o que empurra você e eu...

.
O passado é o que empurra você e eu e todos da mesmíssima maneira. E a noite pertence a você e a mim e a todo mundo. E o que ainda não foi tentado e o que vem depois é pra você e pra mim e pra todo mundo.
.
Walt Whitman

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Aniversário

Álvaro de Campos

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

La speranza

Cesare Pavese

Verrà la morte e avrà i tuoi occhi
questa morte che ci accompagna
dal mattino alla sera, insonne, sorda,
come un vecchio rimorso o un vizio assurdo.

I tuoi occhi saranno una vana parola,
un grido taciuto, un silenzio.
Cosi li vedi ogni mattina
quando su te sola ti pieghi nello specchio.

O cara speranza,
quel giorno sapremo anche noi
che sei la vita e sei il nulla..

..per tutti la morte ha uno sguardo.
Verrà la morte e avrà i tuoi occhi.

Sarà come smettere un vizio,
come vedere nello specchio,
riemergere un viso morto,
come ascoltare un labbro chiuso.
Scenderemo nel gorgo muti.

A esperança
Cesare Pavese

Virá a morte e ela terá os teus olhos
esta morte que nos acompanha
da manhã até a noite, insone, surda,
como um velho remorso ou um vício absurdo.

Os teus olhos serão uma vã palavra,
um grito não dado, um silencio.
Assim os vê cada manhã
quando sobre ti sozinha te inclinas no espelho.

Ó cara esperança,
aquele dia saberemos também nós
que és a vida e és o nada...

...para todos a morte tem um olhar.
Virá a morte e ela terá os teus olhos.

Será como parar um vício,
como ver no espelho,
re-emergir uma figura morta,
como escutar um lábio fechado.
Desceremos no redemoinho mudos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Sterne und Träume

Markus Bomhard

Sterne und Träume
Weißt Du noch,
wie ich Dir die Sterne vom Himmel
holen wollte,
um uns einen Traum zu erfüllen?
Aber
Du meintest,
sie hingen viel zu hoch ...!
Gestern
streckte ich mich zufällig
dem Himmel entgegen,
und ein Stern fiel
in meine Hand hinein.
Er war noch warm
und zeigte mir,
daß Träume vielleicht nicht sofort
in Erfüllung gehen;
aber irgendwann ...?!

Estrelas e sonhos
Markus Bomhard

Estrelas e sonhos
Ainda se lembra,
de quando eu quis buscar as estrelas do céu
para você,
para nos realizar um sonho?

Mas,
você achava,
que elas estavam muito altas ...!
Ontem
espreguicei-me, sem intenção,
em direção ao céu
e uma estrela caiu
na palma da minha mão.
Ainda estava quente
e me mostrou
que talvez os sonhos não
se realizem de imediato;
mas algum dia ...?!

domingo, 25 de novembro de 2007

Nunca ninguém sabe

Mário Quintana

Nunca ninguém sabe se estou
louco para rir ou para chorar...
Por isso o meu verso tem
esse quase imperceptível tremor...
A vida é triste, o mundo é louco!
Nem vale a pena matar-se por isso
Ninguém por ninguém!
Por nenhum amor...
A vida continua, indiferente!

À espera dos bárbaros

Constantino Kaváfis (1863-1933)  O que esperamos na ágora reunidos?  É que os bárbaros chegam hoje.  Por que tanta apatia no senado?  Os s...