quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Radiohead - In Rainbows

Pelo tanto que já se falou deste disco desde que foi lançado – palavras ditas e escritas, reais, a respeito de um projeto baseado na virtualidade; afinal este é o primeiro álbum de um grupo importante comercializado inteiramente via Internet – que a discussão sobre o “como” tornou obscuro o debate sobre “o quê”, sobre a qualidade intrínseca da música.

Agora que a poeira parece ter assentado e após o disco ter sido lançado na forma mais tradicional, é possível analisar a questão musical. Como já se tornou rotina no que diz respeito ao Radiohead, a música continua de altíssima qualidade. Apesar de sempre haver aquela inevitável comparação com os discos anteriores, pode-se dizer que os músicos retornam para mais um trabalho em que demonstram o porquê de formarem uma das bandas mais influentes da música atual. Em todas as dez faixas do disco há um senso de urgência de concretização, de um rock tanto pulsante quanto intelectual, que agrada e impulsiona.

Todas as canções se caracterizam pela pesquisa experimental, mas sempre com uma jovialidade que se torna dominante em faixas como “Bodysnatchers”, ou insinuante como o toque de harpas em “Weird fishes (Arpeggi!)”, ou ainda com a cadência sedutora de “All I need”. Os sons são sombrios mas límpidos, a voz é quente, privada daquela espécie de tensão presente, por exemplo, em Amnesiac.

E o melhor de tudo, são canções “rodáveis”/“executáveis”, porque já foram pensadas para execução ao vivo, e não como matéria de laboratório aberta a infinitas experimentações. Dessa forma, trata-se de um álbum concreto que, no início, foi vendido de forma imaterial; mais uma bela contradição do Radiohead.

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